Vivemos na era dos stories, onde a cada deslize de dedo somos bombardeados por imagens de vidas aparentemente perfeitas. O café da manhã impecável, devidamente colocado somente para a foto, nos outros dias a realidade é outra; o corpo esculpido, com auxílio do amado photoshop; o casal apaixonado, que por trás das câmeras dividem o mesmo espaço, mas não a vida em si; a viagem dos sonhos, por trás das câmeras muitos perrengues...
Tudo embalado em filtros e trilhas sonoras inspiradoras. Mas, o que acontece quando a câmera se desliga? O que há por trás dessas cenas cuidadosamente editadas? Como é a realidade do dia a dia dessas pessoas, vivem na sua verdadeira essência ou sobrevivem às redes sociais?
A verdade é que as redes sociais se tornaram vitrines de felicidade, enquanto a realidade muitas vezes se esconde nos bastidores. Quem nunca comparou a própria vida com a de alguém que parece ter tudo resolvido? Quem nunca sentiu que estava atrasado, que precisava fazer mais, ser mais, conquistar mais? Essa comparação constante tem impacto profundo na nossa saúde mental, e alimenta sentimentos de inadequação, ansiedade e/ou até depressão.
Esses dias atrás encontrei uma amiga de anos e comentamos sobre uma amiga em comum. De como estava a vida da pessoa, na sua verdade além da ilusão dos stories. A minha amiga acreditava que estava tudo perfeito na vida da outra pessoa, mas na verdade, infelizmente não. Pois, o vazio interior existia de maneira muito profunda...
Parece que vivemos numa era que o mostrar é mais importante do que sentir, do que o ter é muito melhor do que ser... e do sobreviver faz parte e o viver já morreu, se perdeu nas redes sociais...
E na realidade tudo isso não passa de um véu da ilusão da própria vida e da sua triste realidade. Mascarar a tristeza e o vazio em si por meio de algumas curtidas, tem a doce ilusão de preenchimento imediato, mas logo vem a necessidade de mostrar que tá tudo bem novamente. É como um vício mostrar para o mundo que está tudo bem.
E tem o outro lado da tela, aquele que se compara com o que vê nas redes e se sente profundamente perdido, vazio e triste. A ressonância é verdadeira, por vezes, é o mesmo sentimento da outra pessoa do outro lado da tela.... Tudo vibra e ressoa...
O problema não está em compartilhar momentos felizes – todos temos direito a celebrar nossas conquistas e é claro que realmente existem pessoas felizes. O desafio surge quando começamos a acreditar que a vida é só aquilo que vemos na tela. Esquecemos que todos têm dias ruins, inseguranças, desafios internos e feridas emocionais. E que muitos buscam e correm todos os dias para realmente ter dias melhores, pode servir de força motora para alguns, no entanto, pode paralisar ainda mais aqueles que estão sem forças...
Muitos famosos, influenciadores e criadores de conteúdo, que parecem ter vidas invejáveis, já relataram lutas com saúde mental, crises de ansiedade e esgotamento. Por trás do feed organizado, há seres humanos com histórias complexas, muitas vezes sofrendo em silêncio, presos na necessidade de manter uma imagem impecável.
É como aquela pessoa que tem mania de limpeza por que infelizmente não consegue lidar com a bagunça interna. E precisa manter tudo organizado e limpo, ao extremo por fora, para ter a falsa segurança de controle e organização. Por quê olhar para dentro e fazer a faxina interna, demanda tempo e dói, literalmente dói...
Aproveitando que janeiro já se encerrou, trago esse texto para mostrar o quão a saúde mental é importante na nossa vida. Que não deve ser olhada somente no Janeiro Branco, mas sim todos os dias. Saúde mental não é sobre parecer bem, mas sobre estar bem de verdade. Isso significa acolher nossas vulnerabilidades, lidar com nossas sombras, acolhê-las e entender que o autoconhecimento é um processo contínuo.
A verdadeira saúde mental acontece quando:
- Nos permitimos sentir, sem medo de parecer fracos.
- Buscamos ajuda quando necessário, seja em terapias, grupos de apoio ou conversas sinceras.
- Criamos conexões autênticas, além das telas, baseadas em presença e troca real.
- Aceitamos que a vida tem altos e baixos, e tudo bem não estar bem o tempo todo.
- Siga perfis que agregam valor – Evite conteúdos que fazem você se comparar e siga aqueles que inspiram de maneira realista.
- Lembre-se de que stories são recortes – Ninguém compartilha a vida 100% como ela é.
- Diminua o tempo de tela – Desconectar-se do virtual permite mais conexão com sua própria realidade.
- Pratique a gratidão pelo que você já tem – A vida real acontece no agora, não na tela do celular.
- Busque o autoconhecimento – Terapias integrativas e complementares, terapias energéticas e sistêmicas, além de práticas espirituais que podem ajudar a fortalecer sua conexão consigo mesmo e trazer mais equilíbrio
Que possamos olhar para além dos stories e valorizar a nossa própria jornada – com tudo que ela tem de verdadeiro, profundo e único. Afinal, a vida real não cabe em 15 ou 60 segundos
Com amor,
Glassys Cortez